Até 2035, um em cada 4 adultos conviverá com a obesidade no mundo.
O número equivale a quase 2 bilhões de pessoas. No Brasil, 41% dos adultos brasileiros terão a doença.
OBESIDADE: atualmente, 1 em cada 7 pessoas têm obesidade no mundo.
A Federação Mundial de Obesidade (WOF) divulgou números preocupantes. Segundo o relatório, que inclui classificações de preparação para obesidade e doenças não transmissíveis para 183 países, 1 em cada 7 pessoas têm obesidade no mundo.
A projeção para 2035, no entanto, é de que 1 em cada 4 pessoas (quase 2 bilhões) conviverá com a doença caracterizada pelo índice de massa corporal (IMC) superior a 30. E mais da metade da população mundial, cerca de 4 bilhões, viverá com sobrepeso (IMC entre 25,0 e 29,9). Ou seja, se nada for feito, o impacto econômico do sobrepeso e da obesidade chegará a US$ 4,32 trilhões por ano até 2035, o que representa quase 3% do PIB global, sendo comparável ao impacto da Covid-19 em 2020.
No Brasil, o cenário também não é favorável. De acordo com a entidade, 41% dos adultos brasileiros terão obesidade, o que a WOF classifica como nível de alerta muito alto. O crescimento anual projetado de adultos com obesidade entre 2020 e 2035 é de 2,8%. O impacto financeiro no setor de Saúde pode chegar a 14,7 bilhões de dólares em 2025 e 19,2 bilhões de dólares em 2035. Já o impacto financeiro geral pode chegar a 48,3 bilhões de dólares em 2025 e 75,8 bilhões de dólares em 2035.
A obesidade infantil também preocupa. Segundo o novo Atlas, o número de crianças com obesidade pode mais que dobrar até 2035 (em relação aos níveis de 2020), o que significa que 400 milhões de crianças viverão com obesidade em 12 anos. Para o Brasil, o crescimento anual projetado é de 4,4%, o que a WOF também classifica como nível de alerta muito alto, já que pode levar à múltiplas complicações associadas à doença como o risco de desenvolver diabetes, hipertensão, doença cardiovascular, aparecimento de alguns tipos de cânceres, além do risco de morte precoce e impacto sobre qualidade de vida.
A obesidade é uma doença evitável cuja incidência quase triplicou nos últimos 50 anos e dobrou desde 2010. “O melhor caminho para mudar esse cenário é justamente evitar o sobrepeso através do estímulo a hábitos de vida saudáveis, como alimentação balanceada, prática regular de atividades físicas”, destaca Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Segundo o presidente da SBEM, são necessárias políticas públicas que propaguem esse modo de vida, como o incentivo ao consumo de alimentos mais saudáveis e a taxação de alimentos que são associados ao maior risco de obesidade, como os ultraprocessados, o que já acontece em alguns países. “É preciso fomentar o estímulo à prática de atividade física desde o exercício, que é a prática ordenada e orientada de atividade física, como também o estímulo à atividade física no geral, transformando os ambientes para que a movimentação ativa possa ser feita de maneira mais frequente. Os espaços públicos devem ser aptos e convidativos para essas atividades”, alerta.
Conexão com saúde bucal
Não dá para falar de um sem mencionar o outro.
Pesquisas demonstraram que a obesidade eleva o risco de doença periodontal e que isso pode estar associado com a resistência à insulina e os altos níveis de proteínas inflamatórias produzidas.
Além de correlacionar-se com a doença periodontal, a obesidade, de acordo com alguns estudos, está associada à cárie dentária. Alguns estudos demonstram que a saúde bucal e a nutrição têm uma relação bidirecional. A relação causal entre o consumo de açúcar e a cárie dentária pode ser comprovada por uma gama de estudos epidemiológicos e clínicos em humanos, por experimentos em animais, bem como por estudos do pH da placa bacteriana e estudos laboratoriais in vitro. Dentre os açúcares da dieta, a sacarose tem sido apontada como o principal fator etiológico da cárie dentária, atuando como substrato para a produção de ácidos pelas bactérias cariogênicas, com subsequente desmineralização do esmalte dental, e também para a obesidade.
Se relata a existência de uma relação entre cárie dentária e fatores de risco de doenças cardiovasculares em crianças obesas. Obesidade e cárie dentária tendem a aumentar conjuntamente, sobretudo devido ao fato de o aumento do consumo de açúcar estar relacionado a ambas as condições.
Os pacientes obesos apresentam qualidade de vida reduzida e necessitam de uma maior atenção quanto à saúde bucal, especialmente no que se refere à doença periodontal e à cárie dentária, para evitar que os problemas se agravem. Os profissionais da saúde devem auxiliar e conscientizar a população em relação aos efeitos dos hábitos alimentares inapropriados sobre a saúde geral da população, assim como sobre a saúde bucal. Além disso, não devem centralizar o foco das atividades educativas somente nos riscos relacionados aos problemas bucais, mas estabelecer uma estratégia de ação que englobe fatores de risco comuns para a obesidade e as doenças da boca.